COM A FÚRIA DE UM VENDAVAL
Em uma certa manhã acordei entediado.
Estava em minhas férias escolares do mês de julho. Não pudera viajar. Fui ao
portão e avistei, três quarteirões ao longe, a movimentação de uma feira livre.
Não tinha nada para fazer, e isso
estava me matando de aborrecimento. Embora soubesse que uma feira livre não
constitui exatamente o melhor divertimento do qual um ser humano pode dispor,
fui andando, a passos lentos, em direção àquelas barracas. Não esperava ver
nada de original, ou mesmo interessante. Como é triste o tédio! Logo que me
aproximei, vi uma senhora alta, extremamente gorda, discutindo com um feirante.
O homem, dono da barraca de tomates,
tentava em vão acalmar a nervosa senhora. Não sei pôr que brigavam, mas sei o
que vi: a mulher, imensamente gorda, mais do que gorda (monstruosa), erguia
seus enormes braços e, com os punhos cerrados, gritava contra o feirante.
Comecei a me assustar, com medo de que ela destruísse a barraca ( e talvez o
próprio homem) devido à sua fúria incontrolável. Ela ia gritando e se
empolgando com sua raiva crescente e ficando cada vez mais vermelha, assim como
os tomates, ou até mais.
De repente, no auge de sua ira,
avançou contra o homem já atemorizado e, tropeçando em alguns tomates podres
que estavam no chão, caiu, tombou, mergulhou, esborrachou-se no asfalto, para o
divertimento do pequeno público que, assim como eu, assistiu àquela cena
incomum.
( BRANCA GRANATIC )
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