RELATO
DE EXPERIÊNCIAS VIVIDAS – CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
CONCEITO:
"É o diálogo entre o passado
vivido, o presente de quem relembra e os leitores do texto.
Ao utilizar a memória, sempre se
faz um jogo do “agora”
com o “ontem”, do
“aqui” com o “lá”.
CARACTERÍSTICAS:
Predomínio de verbos nos tempos
presente, pretérito perfeito e pretérito imperfeito do Modo
Indicativo".
ESQUEMA
DE RELATO DE EXPERIÊNCIA VIVIDA
TÍTULO
1º§
O quê? Quando? Onde ocorreu a experiência?
2º§ e 3º§
Detalhes: Sequência temporal das ações.
4º§
Quais transformações ocorreram em sua vida a partir
da experiência relatada? ( Acrescentar sensações e
emoções)
Exemplo de um relato
autobiográfico:
Leia
a apresentação que faz de si mesmo o escritor de livros infantis
Bartolomeu Campos Queiroz:
...das
saudades que não tenho
Nasci
com 57 anos. Meu pai me legou seus 34, vividos com duvidosos amores,
desejos escondidos. Minha mãe me destinou seus 23, marcados com
traições e perdas. Assim, somados, o que herdei foi a capacidade de
associar amor ao sofrimento...
Morava
numa cidade pequena do interior de Minas, enfeitada de rezas,
procissões, novenas e pecados. Cidade com sabor de
laranja-serra-d’água, onde minha solidão já pressentida era
tomada pelo vigário, professora, padrinho, beata, como exemplo de
perfeição.
(...)
Meu pai não passeou comigo montado em seus ombros, nem minha mãe
cantou cantigas de ninar para me trazer o sono. Mesmo nascendo com 57
anos estava aos 60 obrigado ainda a ser criança. E ser menino era
honrar pai com seus amores ocultos. Gostar da mãe e seus suspiros de
desventuras.
(...)
Tive uma educação primorosa. Minha primeira cartilha foi o olhar do
meu pai, que me autorizava a comer ou não mais um doce nas festas de
aniversário. Comer com a boca fechada, é claro, para ficar mais
bonito e meu pai receber elogios pelo filho contido que ele tinha. E
cada dia eu era visto como a mais exemplar das crianças, naquela
cidade onde a liberdade nunca tinha aberto as asas sobre nós.
Mas a
originalidade de minha mãe ninguém poderá desconhecer. Ela era
capaz de dizer coisas que nenhuma mãe do mundo dizia, como por
exemplo: – Você, quando crescer vai ter um filho igual a você.
Deus há de me atender, para você passar pelo que eu estou passando.
– Mãe é uma só. (...)
(Bartolomeu Campos
Queiroz, em Abramovich, Fanny (org.) – “O mito da infância
feliz”. Summus, São Paulo, 1983).
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